sábado, 5 de fevereiro de 2011

Internacionalização do Aeroporto Leite Lopes de Ribeirão Preto

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Aeroporto Internacional Leite Lopes: qual o lugar do Planejamento Regional?

Não existe uma proposta de planejamento regional para a região de Ribeirão Preto. Não existe planejamento urbano, não existe política urbana no Município de Ribeirão Preto. A internacionalização do Aeroporto Leite Lopes é apenas a da constatação dessa inexistência. Por tal constatação apresento discordância ao aeroporto internacional na cidade de Ribeirão Preto. Não sou contra, porém, ao Aeroporto Internacional em nossa região.
A discordância recai em dois aspectos importantes. O primeiro está atrelado à localização do aeroporto na área urbana de Ribeirão Preto: é uma área interna ao anel viário e que há muito tempo foi tomada pelo processo equivocado de implementação de conjuntos habitacionais distantes das áreas centrais.
O segundo recai na variável econômica do projeto. É fundamental traçar um programa econômico de desenvolvimento regional que deve pressupor investimento de longo prazo em infra-estrutura de circulação, ampliação física e informacional de determinados sistemas de produção e profissionais devidamente qualificados. Apenas a proposição de um sistema de engenharia com conexão internacional pela ampliação da pista de pouso e decolagem, em nada (re)orientará o desenvolvimento regional.
Este o ponto pelo qual apresento discordância ao aeroporto internacional na cidade de Ribeirão Preto, pois pensado pelos seus promotores como elemento de transformação local. Constata-se uma incapacidade de pensar o aeroporto como programa político regional, que envolva municipalidades, empresas, profissionais e a sociedade em geral.
A internacionalização do Aeroporto Leite Lopes estruturou-se no argumento equivocado da competição entre as cidades por maiores investimentos. Os custos sociais e públicos inerentes a esse discurso da competição por investimento são comprovadamente elevados, pois estruturados no deslocamento do orçamento público para subsidiar empresas privadas.
No âmbito de um programa regional de desenvolvimento é correto pensar um Aeroporto Internacional da Alta Mogiana de São Paulo, estruturado por investimentos provenientes da cooperação intermunicipal. Ribeirão Preto pode sim ser sede articuladora dessa cooperação organizada na macro-região Mogiana-Triângulo. Entretanto, nesse programa de cooperação intermunicipal não precisa ser sede física do Aeroporto Internacional.
Pela implementação de um programa regional, Ribeirão Preto, assim como Uberlândia, poderiam estruturar uma importante parte do território brasileiro conectado por um sistema rodoviário tronco que é a Rodovia Anhanguera/BR-050, entremeadas por aeroportos regionais (Uberaba, São Carlos, Araraquara, Franca), transpostas pelo Rio Grande, além de sedes de importantes universidades, indústrias, empresas e serviços.
Mantida a lógica da competição pela implantação do aeroporto será impossível pensar a exeqüibilidade de uma política regional de desenvolvimento. Continuar tentando vender a mercadoria Ribeirão Preto, em nada contribuirá para o desenvolvimento econômico-social de toda região.
O principal problema não é, portanto, a existência do atual aeroporto e sua incapacidade de receber passageiros adequadamente, ou de cargas como inicialmente se pretende com a internacionalização. O problema é o planejamento regional, ou melhor, a inexistência dele.
É fundamental pensar um programa de implementação do Aeroporto Internacional mediante implementação de programa regional de desenvolvimento. Um aeroporto que não precisa estar no Município de Ribeirão Preto. Criar-se-ia um organismo de gestão regional responsável pelos investimentos e administração intermunicipal do Aeroporto e da região.
Qual sua localização exata? A resposta só pode ser encaminhada pelo planejamento regional. Constata-se apenas que o seu lugar ainda não existe nas municipalidades da região. Se existisse, proporia uma articulação positiva entre os municípios pelo Aeroporto Internacional da Alta Mogiana conectado aos mesmos com pelo sistema ferroviário. A competição pelo aeroporto significa a desconstrução da região pela desarticulação das municipalidades.

Prof. Rodrigo de Faria
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo-FAU/DTHAU - UNB

Fonte: Urbanística
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