quarta-feira, 4 de junho de 2014

É necessário ouvir-se todos os lados

Estimados Amigos,

Em 1932, o então Prefeito Interventor de Ribeirão Preto, Eduardo Leite Ribeiro, doou das terras do município, 50 alqueires para o Estado de São Paulo no sentido de ser instalado um sítio de voo.


Na época eram duas pistas, uma no sentido Norte/Sul, que permaneceu até hoje, e a outro no sentido Leste/Oeste, isso para poder aproveitar-se o melhor vento.


Contudo o Aeroporto Leite Lopes somente foi inaugurado como tal em 1939.
Em 1940, com a ampliação da pista Norte/Sul, levando a área de aerodromo para os atuais 161 alqueires,  foram utilizadas terras particulares do entorno as quais até hoje não foram pagas aos detentores dos direitos sobre elas, caracterizando um dos mais antigos processos indenizatórios do Brasil.


Nas décadas de 1940, 1950, 1960 e até 1970, o Leite Lopes era um importante ponto de apoio para atingir-se o sul de Minas Gerais, Goiás e outros pontos do território, pois as estradas eram precárias.


Era o tempo dos aviões a pistão, tal como o famoso DC-3. Com a construção de estradas, o alto custo das passagens e fretes aéreos passou a desinteressar.


Na década de 1980 o Leite Lopes esteve muito esvaziado, passando a ter novamente movimento de aeronaves de maior porte em meados da década de 1990.


O transporte de passageiros e cargas nos anos de ouro da aviação regional foi importante, e o aeroporto Leite Lopes era suficiente para as aeronaves daqueles tempos.


Com a vinda dos aviões a jato, mais velozes e maiores, o Leite Lopes tornou-se acanhado, e ainda houve o complicador de passar a ser envolvido por rodovias, e bairro residenciais e industriais. De um lado a pista ficou limitada pela Avenida Brasil, e de outro lado pela Avenida Thomaz Alberto Whatelly.


Era previsível, já no início dos anos de 1980 que essas infraestruturas urbanas iriam limitar uma futuro expansão do aeroporto. 
Mesmo assim se fez. Mas a aviação é rápida.
Muita mais rápida do que a política.


Em Ribeirão Preto continuou-se a operar aeronaves de passageiros até um determinado porte, mas com a impossibilidade de aeronaves mais pesadas, para o transporte intermodal de cargas, virem a operar no aeroporto local.
Daí  toda essa celeuma em expandir-se o Leite Lopes para receber aeronaves de maior porte. Ora, há de se pensar que, talvez, não interesse essa expansão do aeroporto para receber aviões de maior porte.


A distância de São Paulo, ou de Campinas, representa para um avião, alguns minutos de voo.  Como também pode interessar à iniciativa privada, a alocação de um aeroporto em qualquer outra cidade da região.
Talvez possa-se considerar mais interessante a construção de um novo aeroporto, ao invés de, mais uma vez, ampliar o antigo.


Para os aviões de grande porte, pousar em Campinas, em Franca, em Araraquara, Barretos, Uberaba, Uberlândia é tudo uma questão de logística,  de mais alguns minutos de voo, vindos de qualquer lugar, ou partindo desses aeroportos para qualquer outro destino.


A T.A.M. em uma área de 190 alqueires em São Carlos, construiu uma oficina de manutenção de aeronaves de grande porte que procedem de todos os pontos do planeta.


A restrição que ainda há é quanto a Delegacia Alfandegária.
Os aviões devem pousar antes em São Paulo, receberem o visto da Polícia Federal e novamente decolar para daí a alguns minutos pousarem em São Carlos para receberem manutenção.
A Prefeitura de São Carlos vem se empenhando em conseguir uma alfandega em São Carlos.
Com a consequente melhoria da malha viária de acesso para a cidade e o entorno.


Aviões cargueiros, de grande porte,  de várias partes do mundo pousam na pista da TAM em São Carlos, sendo tudo isso pertencente a iniciativa privada.

A EMBRAER deslocou-se de São José dos Campos até o interior de estado, indo construir em Gavião Peixoto, região de Araraquara, uma das maiores pistas de pouso e decolagem do mundo, com 4967 metros de extensão, com 45 metros de largura, que serve de testes para aeronaves procedentes de todos os lugares do mundo.


Os funcionários moram em São José dos Campos, pegam o avião da empresa que, em minutos os deixam no serviço, em Gavião Peixoto, e no final do expediente retornam no avião para as suas casas.
A área de aerodromo da EMBRAER em Gavião Peixoto é de 736 alqueires.


Para a moderna aviação a jato, centenas de quilometros são minutos de voo. As vezes além de uma disputa política, não haja em Ribeirão Preto nenhum interesse em transformar o Aeroporto Leite Lopes em um terminal de cargas.
Ele se presta razoavelmente bem  para o transporte de um determinado número de passageiros, em determinados modelos de aeronaves.
O Aeroporto Leite Lopes é estatal.


Aqueles que operam em suas instalações são elementos da iniciativa privada, e que tem um custo para com o Estado que fornece esses serviços de logística.



Portanto, quem opera as aeronaves, as empresas aéreas em questão, devem manifestar-se no interesse pelo Leite Lopes. As expansões da pista e das áreas do entorno é um custo de dinheiro público. 


A futura e desejada privatização talvez não traga interesses para a iniciativa privada.

É necessário ouvir-se todos os lados.


Aristide Marchetti